sábado, 14 de abril de 2012

Dança X Mal de Parkinson

Boa tarde pessoal!

Artigo publicado nesse sábado no Jornal "O Impacto" de Mogi Mirim.

boa leitura e beijos a todos


Que a dança tem realmente seus efeitos terapêuticos ninguém mais duvida. Agora, de acordo com uma pesquisa liderada por um cientista britânico, Peter Lovatt, esses benefícios vão bem além do bem-estar, podendo atuar para reduzir os efeitos mentais degenerativos causados pelo Mal de Parkinson, doença que já atinge mais de 4 milhões de pessoas pelo mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

        Esse estudo foi divulgado ano passado. Conhecido como Dr. Dance, Peter Lovatt é um ex-dançarino profissional com doutorado em Psicologia pela Universidade de Cambridge e especialização em Psicologia Cognitiva. Ele é o coordenador do Laboratório de Psicologia da Dança na Universidade de Hertfordshire, no centro-leste da Inglaterra.

        Em entrevista, esse pesquisador disse que já existem outros estudos relatando a dança como auxílio nas questões de mobilidade e equilíbrio dos portadores de Mal de Parkinson, mas a novidade nas descobertas dessa sua pesquisa é a sua influência no aspecto cognitivo, evidenciada no processo do pensamento divergente, para o qual é necessário conseguir mais de uma solução apropriada para um mesmo problema. Ele afirma que a dança é melhor do que o exercício tradicional para melhorar esse processo nessas pessoas.

        Em um trabalho de três meses com grupos de pacientes, este laboratório de pesquisas obteve resultados interessantes sobre os efeitos cognitivos. Formas de dança com improvisação influenciaram positivamente o pensamento divergente, conforme já exposto, e formas estruturadas de dança com técnicas específicas, como o tango, tiveram efeitos sobre o pensamento convergente – ou o que busca uma solução única para um problema apresentado. Para esse último caso, Lovatt encontrou resultados de redução no tempo empregado para a solução de problemas após a prática de apenas 15 minutos de dança.

        Ele continua seu discurso, relatando que observou o mesmo tipo de resultado também com pessoas saudáveis:

Imagine se isso pudesse ser aplicado nas escolas, desde cedo, por exemplo, alternando o tempo em que os alunos ficam sentados com uma movimentação corporal, e em especial a dança. Ainda não sabemos como, mas está claro que a dança tem influências nos processos neurais. No caso do Parkinson, por exemplo, os cérebros que têm a doença podem estar desenvolvendo caminhos alternativos em função da dança, driblando as partes afetadas”, explica o cientista.

        Nas suas afirmações, ele diz que se faz necessário ampliar o corpo de estudos científicos sobre dança, assim como existem estudos sobre o efeito dos demais tipos de exercícios sobre a saúde e o corpo de seres humanos. Concordo plenamente.

        A dança é uma parte importante na história da humanidade, e as evidências já encontradas sobre a sua ação preventiva e curadora em relação às mais diversas doenças, somados aos seus efeitos positivos tanto sobre o desenvolvimento cognitivo quanto sobre habilidades físicas tais como equilíbrio, coordenação motora, postura, tônus e flexibilidade, são motivos de sobra para que todos prestem mais atenção a esta arte e atividade física.

       

Parênteses: nessa semana, em 11 de abril, tivemos o dia mundial do combate ao Mal de Parkinson. Diversos eventos elucidativos foram programados pelo mundo inteiro, informando sobre sintomas, prevenção, combate e tratamentos convencionais e alternativos. Um bom fim de semana a todos. Sandra K.



Sandra Kussunoki é mestre em ciências da motricidade pela Faculdade de Educação Física da UNESP/Rio Claro, educadora física, engenheira química pela UNICAMP e professora de danças (ventre, salão e flamenco). Escreve aos sábados essa coluna.