Comportamento sedentário – mudança de hábito

1o. artigo da coluna "Corpo em Movimento"
do jornal O IMPACTO de Mogi Mirim - SP - publicado em 3 de julho de 2011


Há uma quantidade imensa de conhecimento científico acumulado e publicado em revistas, jornais, livros, que nos conscientizam de que o exercício físico como rotina e hábito é um pré-requisito para se viver bem, com qualidade de vida e saúde.

Matérias específicas são veiculadas continuamente em programas de TV, rádio, internet, como forma de orientação, propondo o exercício físico como hábito de vida. Apesar do senso comum sobre a lista de benefícios em se exercitar rotineiramente, o sedentarismo ainda é uma das mais frequentes causas de aumento de doenças cardíacas, diabetes e outros males que se propagam pela população mundial.

Um dos grandes motivos desse sedentarismo, também já debatido exaustivamente e de conhecimento público, é o da comodidade proveniente da tecnologia disponível, que possibilita uma economia na movimentação corporal diária. Essas tecnologias promovem um maior conforto para os seres humanos nas suas atividades, nessa nossa vida da pós-modernidade, onde a maioria dos indivíduos possui múltiplas tarefas.

Muitos necessitam fazer uso das diversas tecnologias existentes, para facilitar o seu dia-a-dia, no entanto, é extremamente necessário dispender alguns minutos para a prática de exercícios físicos, e que estes sejam bem dirigidos aos objetivos pessoais, a partir de uma orientação profissional.

Hábitos são determinantes do estilo de vida, desde criança, as pessoas devem ser orientadas por nós, pais e educadores, professores e familiares responsáveis, a praticar exercícios físicos continuamente, para a manutenção do vigor físico e bem estar geral, e inclusive para melhor desempenho intelectual. Sim, porque estando mais bem dispostos e com uma boa recarga de neurotransmissores e hormônios provenientes da movimentação física, produziremos também mais intelectualmente e criativamente.

Incentivar a caminhar, correr, pedalar, nadar, dançar, jogar bola, lutar, enfim, movimentar-se, e de preferência fazendo algo que goste. Fazer disso um hobbie, uma coisa prazerosa, para envolver-se com a atividade e torná-la agradável.

Crianças que observam pais e avós se exercitarem regularmente podem compreender essa necessidade para a manutenção da saúde mais facilmente. Quanto mais avançamos em idade, maior o sacrifício para mudar hábitos e exercitar-se. Mas, nunca é tarde!

De qualquer forma, o incentivo às crianças a adquirirem hábitos como alimentação saudável e exercícios, facilita essa manutenção da prática constante ao longo da vida.

O comportamento sedentário requer um grande esforço para ser modificado. Quanto mais se avança na idade com esse tipo de comportamento, pior fica. O cérebro habitua-se à economia de energia e conforto. Em longo prazo, surgem os efeitos negativos dessa inatividade corporal, muitas vezes na forma de doenças, e inclusive de depressão.

O exercício físico regular contribui para a integridade cerebrovascular, aumenta o transporte de oxigênio, diminui a viscosidade sanguínea e estimula a síntese de neurotransmissores, como a serotonina. Alguns estudos observam melhora no tempo de reação, na amplitude da memória e do humor.

Quanto à prática de atividades físicas, algumas outras variáveis relacionadas devem ser consideradas para surtirem efeitos positivos, tais como intensidade e volume, pois existe um nível ideal para cada um. Ultrapassar demais seu próprio limite pode ter consequências desagradáveis, e muitas vezes, é sinal de comportamento patológico.

Existem poucos estudos sobre a prática excessiva de exercícios físicos e a gênese desses comportamentos patológicos, que normalmente podem estar relacionados também com distúrbios alimentares.

A conclusão é a de que devemos realizar constantemente exercícios adequados para nosso biotipo, preferências pessoais e estilo de vida, buscando um equilíbrio e visando um bem estar real. E sem querer atingir um padrão de beleza inalcançável, respeitando sua individualidade e peculiaridades próprias, gostando de si mesmo sempre, e muito.



Sandra Kussunoki é professora de danças (ventre, salão e flamenco), educadora física e engenheira química. Mestre em Ciências da Motricidade    - Faculdade de Educação Física da UNESP/Rio Claro.



(Parênteses: Um desses poucos estudos sobre gênese de comportamentos patológicos é a minha própria dissertação de mestrado, que aborda o assunto partindo do referencial sociológico, recortando aspectos e discutindo essa busca obsessiva por um padrão corporal perfeito, sem gorduras aparentes, “sarado”. Hoje existe praticamente todo um código de conduta contemporâneo, uma verdadeira moral da aparência física, da estética, a que os indivíduos pós-modernos se submetem, consciente ou inconscientemente. Alguns se libertam. Mais sobre esse tema no próximo domingo. Sandra K.)